AGENDA DO APICULTOR
1. OUTONO
Após a cresta inicia-se a preparação do novo ano apícola cujos resultados dependem das condições em que as colónias passam o outono e o Inverno.
É essencial que haja muitas abelhas jovens o mais cedo possível, pois disso depende a colheita de néctar que garantirá a futura produção de mel:
o início da postura da abelha-mãe e a alimentação das respectivas larvas, quer se faça no outono/inverno, quer seja na primavera (o que depende das florações existentes em redor do apiário e das condições climatéricas), está directamente dependente das quantidades de mel e pólen armazenadas nos favos e das condições em que estes produtos se encontrem.
Especialmente nas regiões muito húmidas, deve também ser garantido um bom arejamento no interior das colmeias porque a humidade em excesso é um dos piores inimigos das colónias:
Devem seleccionar-se as colónias que se apresentam em boas condições, eliminando-se todas as restantes
A. TRATAMENTOS
Recomenda-se que:
todos os tratamentos a ministrar às colónias de abelhas sejam sempre receitados por médico veterinário;
sejam cumpridas rigorosamente tanto as dosagens como o número de tratamentos recomendados e apenas quando as colónias não se encontram em produção.
Os tratamentos contra o Varrôa, caso não tenham sido feitos no verão, devem fazer--se no outono, sempre que se verifique a existência deste parasita e, para cada região, em simultâneo para todos os apiários.
B. PROVISÕES
Todas as colmeias que não tenham mel suficiente para passarem o Inverno, devem ser alimentadas artificialmente com xarope de açúcar, antes de aparecerem os frios e as chuvas. Este xarope, que deve ser sempre colocado no interior das colmeias para não ocasionar pilhagens, confecciona-se adicionando 2 Kg de açúcar a 1 litro de água e levando ao lume até ferver.
2. INVERNO
Para o apicultor, esta estação do ano pode não ser exactamente aquela que oficialmente se inicia em Dezembro e termina em Março; tudo depende da região em que se encontram instalados os seus apiários e das condições climatéricas. Quando faz muito frio, vento e longos períodos de chuva que impedem as abelhas de sair da colmeia para procurarem alimento, então, o apicultor considera que o inverno se instalou no seu apiário, seja qual for a estação do ano que esteja a decorrer!
Algumas tarefas apícolas a efectuar nesta altura:
comercializar o mel enfrascado;
tratar a cera usada, para reutilização;
reparar o material armazenado;
preparar novos apiários e fazer a mudança das colmeias;
observar as tábuas de voo e o chão do apiário, verificando se aparecem abelhas mortas em número elevado;
vigiar a humidade em excesso;
nas regiões em que houve boas condições para a colheita de pólen, vigiar as colmeias mais fortes (que consomem rapidamente o mel armazenado);
fazer o balanço final e planificar a nova campanha;
e, no mês de Dezembro, fazer a declaração de existências na Zona Agrária do concelho de residência (art.º 4.º do Decreto-Lei n.º 37/2000, de 14 de Março).
Os tratamentos contra o Varrôa, que devem iniciar-se um mês antes da colocação das alças, fazem-se, nas regiões temporãs, antes do mês de Março, portanto, durante o inverno.
3. PRIMAVERA
Tal como ficou dito anteriormente, também a primavera é uma estação do ano que, para o apicultor, pode não ser exactamente aquela que oficialmente se inicia no dia 21 de Março e termina em Junho; tudo depende da região em que se encontram instalados os apiários e das condições atmosféricas. Por exemplo, nas regiões do litoral muito povoadas de eucalipto, a grande colheita pode iniciar-se em Outubro/Novembro e, se fizer bom tempo, a enxameação acontece nos primeiros meses do ano seguinte; no entanto, nas regiões montanhosas do interior, a colheita só se inicia, normalmente, em Março/Abril e a enxameação aparece só por volta do mês de Maio.
No início da época de colheita é preciso esperar por alguns dias de bom tempo para realizar a primeira intervenção no apiário que deve ser feita no período mais quente do dia e com a máxima serenidade, embora sem demoras:
nesta primeira visita, devem separar-se os corpos das colmeias dos respectivos estrados, aproveitando a oportunidade para se fazer uma estimativa da quantidade de reservas existentes, pelo peso das colmeias; o estrado será, então, cuidadosamente raspado e, caso esteja muito danificado, deve ser substituído;
se, durante o inverno foi colocada na entrada da colmeia alguma régua de limitação do espaço, deve ser retirada nesta primeira visita para que o ar circule livremente de forma a facilitar o combate à humidade no interior da colmeia;
caso se verifique existirem poucas reservas em alguma colmeia, deve iniciar-se de imediato a alimentação artificial (1Kg de açucar/1litro de água), fornecendo-se toda a quantidade considerada necessária (ver pág.2), o que favorece o fabrico de novos favos e incrementa a postura da mestra;
Nota importante - a estimulação da postura da mestra é, no entanto, uma operação algo perigosa porque, quando ela é estimulada a pôr, antes de um período longo de chuvas, é necessário tomar muita atenção para que a colmeia não venha a morrer de fome devido a este aumento da população que foi provocado artificialmente e, portanto, à revelia da programação da própria colónia.
É neste período que, por vezes, as colónias decidem substituir a mestra, dando origem a uma mestra jovem, com mais vigor e melhor postura, o que provoca algum atraso no desenvolvimento da colmeia e, não raro, a orfandade; esta, é ocasionada frequentemente no voo de fecundação, não regressando a nova abelha-mãe à sua colmeia por sofrer qualquer acidente ou por se enganar no regresso, entrando em colmeia vizinha (se as colmeias estão muito próximas e não possuem alguma marca que as distinga entre si);
§ no mês de Junho, deve fazer-se a declaração de existências na Zona Agrária do concelho de residência (art.º 4.º do Decreto-Lei n.º 37/2000, de 14 de Março).
A. DOENÇAS
A.1. PROFILAXIA
Com o inicio do desenvolvimento das colónias todo o cuidado é pouco no maneio dos materiais apícolas e das próprias colónias, pois, não raro, é o próprio apicultor que dissemina as doenças infecciosas nos seus apiários ao trocar favos entre colmeias ou utilizando materiais que estiveram em contacto com colónias doentes, sem proceder a uma eficaz desinfestação.
A.2. TRATAMENTOS
Se alguma colónia apresentar sintomas de doença, deve ser tratada de imediato, de modo a concluir-se o ciclo de tratamento antes da colocação das alças ou melários, para não se comprometer a produção de mel que se pretende isenta de produtos medicamentosos.
Recomenda-se que:
todos os tratamentos a ministrar às colónias de abelhas sejam sempre receitados por médico veterinário;
sejam cumpridas rigorosamente tanto as dosagens como o número de tratamentos recomendados e apenas quando as colónias não se encontram em produção.
Os tratamentos contra o Varrôa, que devem iniciar-se um mês antes da colocação das alças, fazem-se logo que a colónia inicia o desenvolvimento, desde que se verifique a existência deste parasita e, para cada região, em simultâneo para todos os apiários.
4. VERÃO
Quando as temperaturas aumentam, as florações melíferas escasseiam e a actividade das abelhas de campo diminui acentuadamente, inicia-se o verão nos apiários.
Nesta estação é essencial a existência de água por perto das colmeias. Com a água, que preferem corrente, as abelhas podem combater eficazmente o calor mais intenso do verão, desde que possam contar com mel suficiente, de modo a poderem despender energias no acto de ventilação.
É igualmente neste o período que se deve proceder ao renovamento das mestras nas colmeias em que for considerado necessário é se não têm boa qualidade ou já apresentam uma postura deficiente; quando se utiliza o método mais simples, isto é, a morte da mestra, é fundamental que se aproveite a oportunidade para introduzir melhor qualidade no apiário:
cinco dias após a morte da abelha-mãe, retiram-se todos os mestreiros entretanto construídos e introduzem-se na colmeia órfã dois favos retirados da melhor colmeia do apiário (com criação de todas as idades e sem abelhas adultas; desta forma, há mais probabilidades da colónia criar uma mãe geneticamente melhor;
nessa noite a colmeia deve ser levada para dois a três quilómetros de distância, de forma que, a nova «princesa» seja fecundada por zângãos não aparentados com ela, evitando-se, assim, as deficiências originadas pela consanguinidade;
conforme já foi referido anteriormente, há toda a vantagem em identificar perfeitamente estas colmeias que se encontram em criação de mestra para que não surjam erros de «deriva» que podem originar a perda da mestra ao regressar do voo de fecundação.
Como é evidente, para estas operações, que devem ser programadas com bastante antecedência, é absolutamente indispensável que não tenha ainda terminado completamente a época da grande colheita de néctar para não se correr o risco de, quando as jovens «princesas» nascerem, já terem sido mortos pelas colónias os melhores zângão, que são precisamente aqueles que foram criados na época das enxameações para garantirem uma fecundação eficiente das novas mestras.